Entendendo a Importância da Regulação no Sistema Financeiro
Neste episódio do podcast SOS Bacen, a Let’s Media teve a honra de receber Inês Cavalcanti, especialista do Banco Central do Brasil, que compartilhou insights sobre a regulação prudencial e seu impacto no sistema financeiro. A conversa abordou desde a trajetória profissional de Inês até as complexidades da regulação que afetam diretamente as instituições financeiras no Brasil.
Inês, que atua no Departamento de Regulação Prudencial e Cambial (DREG) desde 2016, trouxe à tona a importância de uma regulação que não apenas previna crises, mas que também promova um ambiente financeiro saudável e sustentável. Com uma formação em jornalismo e especialização em relações internacionais, Inês tem uma visão única sobre como as normas do Comitê de Basileia são incorporadas na prática regulatória brasileira.
A Trajetória de Inês Cavalcanti: Da Comunicação à Regulação
Inês começou sua carreira como jornalista econômico, cobrindo o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Sua paixão pela regulação financeira a levou a se especializar em normas prudenciais, culminando em sua entrada no Banco Central em 2014. “Quando o Ministério do Planejamento autorizou o Banco Central a realizar um concurso público, eu pedi demissão da empresa de comunicação e fiquei dedicada a estudar para o concurso do banco”, compartilhou Inês.
Após ser aprovada, Inês passou por um treinamento interno que a preparou para atuar como reguladora. “O banco faz esse treinamento para você poder atuar como reguladora, um ano de curso”, explicou. Essa formação é crucial, pois a regulação exige conhecimentos específicos que vão além do que é abordado em concursos.
A Regulação Prudencial: Um Pilar do Sistema Financeiro
A regulação prudencial é um conjunto de normas que visa garantir a solidez das instituições financeiras e prevenir crises sistêmicas. Inês destacou que o foco principal da regulação é a prudência: “Quando a gente fala em regulação prudencial, a gente está pensando em três coisas com mais foco: a questão do capital, o gerenciamento de riscos e os limites operacionais.”
Esses três pilares são fundamentais para que as instituições financeiras possam operar de maneira segura e responsável. A regulação busca evitar que a falência de uma instituição cause danos ao sistema financeiro como um todo, minimizando o risco sistêmico.
Segmentação das Instituições: Uma Abordagem Proporcional
Um dos pontos mais interessantes abordados por Inês foi a segmentação das instituições financeiras, que foi implementada em 2017. “A gente estabeleceu cinco segmentos, sendo o S1 o segmento de maior porte e maior complexidade, até o S5, que é o mais simples”, explicou. Essa segmentação permite que a regulação seja proporcional ao tamanho e ao risco das instituições, facilitando a adaptação das normas.
Inês também mencionou que as instituições de pagamento (IPs) não se enquadram nessa segmentação tradicional. “As IPs, elas não seguem a segmentação. Se você é uma IP pura, você não está sujeito a nenhuma segmentação”, afirmou. Essa flexibilidade é importante para fomentar a inovação no setor financeiro, permitindo que novas instituições possam surgir e se desenvolver.
Desafios e Oportunidades na Regulação
Durante a conversa, Inês também abordou os desafios enfrentados pelo Banco Central em um cenário de constante evolução do mercado financeiro. “A gente está com um déficit gigantesco de servidores e o concurso que abriu agora é só para 100 vagas”, destacou, enfatizando a necessidade de mais profissionais qualificados para lidar com a complexidade da regulação.
Além disso, Inês mencionou a importância de manter um diálogo aberto com as instituições reguladas. “Quando sai uma norma, a gente tenta sempre encontrar com os nossos regulados, fazemos reuniões para que todo mundo entenda a norma”, disse. Essa abordagem colaborativa é essencial para garantir que as normas sejam compreendidas e implementadas de forma eficaz.
O Futuro da Regulação no Brasil
O episódio também trouxe à tona questões sobre o futuro da regulação no Brasil, especialmente em relação às inovações tecnológicas e ao Open Finance. Inês acredita que a regulação deve acompanhar as mudanças do mercado, garantindo que as novas tecnologias sejam integradas de forma segura ao sistema financeiro.
“Com o advento do PIX e o crescimento das instituições de pagamento, a regulação precisa ser adaptada para garantir a segurança e a eficiência das operações”, afirmou. Essa visão proativa é fundamental para que o Brasil continue a avançar no cenário financeiro global.
A Regulação como Ferramenta de Estabilidade
A conversa com Inês Cavalcanti destacou a importância da regulação prudencial como uma ferramenta essencial para garantir a estabilidade do sistema financeiro. Em um ambiente em constante mudança, a capacidade de adaptação e a compreensão das normas são fundamentais para o sucesso das instituições financeiras no Brasil. Como Inês enfatizou, “a ideia é que as instituições sejam prudentes, para que, no caso de quebra, o dano seja menor e não espalhe o resultado dessa quebra para o resto do sistema”.
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